terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O que passou...às vezes não passou!!


Hoje apetece-me falar de outros...
Contarei convosco para me lerem...

Numa noite destas em que   o sono tardava encontrei-me com a minha amiga de infância a Isabel e...como se tivessemos nas mãos  um grande novelo de lã fofinha começamos a desfiar lembranças desse tempo em que ela e eu  tinha-mos ,  15 anos num tempo em que o tempo passava por nós livre de preocupação sem desejar que ele parasse para podermos observar o mundo…era bonita a Isabel sem ser linda de morrer tinha tudo quanto precisava para… ‘’fazer parar o transito’’e parava…(nesse tempo o trânsito até era pouco).
…Usava cabelos médios caidos pelas costas soltos e leves castanhos dourados uma cor linda  que parecia feita  em laboratório exclusivamente para ela ,os olhos  doces cor de mel esverdeados  à  luz do sol,era alegre e simpática com um corpinho de boneca ,48 kilos muito bem distribuídos por 1.50m de gente…
__No liceu onde andávamos havia uma rapariga um pouco mais velha toda virada para as matemáticas aplicadas de grandes  olhos azulados que usava um aparelho nos dentes enooorrme, nunca ninguém percebeu porque é que usava aquele aparelho horroroso que aliado à sua figura bastante magra estilo anos 70 imitando a modelo Twiggy dava-lhe um ar de …bela adormecida…esperando o seu príncipe encantado…
…no café lá do liceu conversavamos horas a fio  eramos todos apreciadores  das letras(era moda)lia-se muito e faziam verdadeiras tertúlias estudantis debatendo as opiniões que ficavam sobre os autores e os livros ,inevitavelmente  escreviam ou escrevinhavam,inventavam muito,ficcionando romances com nomes verdadeiros e outras vezes os romances eram mesmo reais só os nomes  eram ficção ,tantas mas tantas vezes a Isabel escreveu coisas fantásticas e claro levava-as para casa deixava-as tranquila e inocentemente por lá…a mãe era um autêntico furão sempre bisbilhotando encontrava e lia tudo de fio a pavio,depois…de caixa de fósforos em punho fazia uma bela fogueira no quintal,a seguir  é que a história ganhava contornos de ignorância(se havia uma história em que a personagem era o António e a Amélia era louca por ele’’azar’’a mãe colava-a logo ao António que estivesse mais próximo o cão da vizinha,o avô da amiga ou algum familiar e de pouco adiantava querer defender-se ali não havia o pressuposto da inocência pró réu…umas bofetadas sempre lhe calhavam e claro o descrédito de menina bem comportada era uma realidade ...mas...Isabel__tu sabes tal como eu que a mente humana pouco ou nada evoluiu nesse ponto das interpretações do comportamento dos outros,a tua mãe não tinha possibilidades de o fazer de outra forma ,nada mais sabia e não tinha por onde evoluir:__tens razão,disse a Isabel,hoje escrevo mais do que nunca e a ignorância continua instalada na mente humana ,sem desculpas obviamente pois hoje as pessoas têm mais formação e ...se eu fosse um homem a escrever tudo me seria permitido todas as mentes femininas se identificariam com as minhas formas de conjugar assim como mulher,já começam a pensar...ai que ela ama A ,B ou C,coitado do marido ...e tal...etc...etc...(falar de AMOR continua quase tão proibido como no tempo da mãe que queimava os escritos no fundo do quintal)...mas...dizia a Isabel...como posso eu escrever sem falar do motor que me move?Como?Explica-me por favor...amo a minha família com desvelo e perdição...amo as minhas amigas e SIIIIIMMMM amo também os meus amigos...amo o mundo,amo a humanidade...amo a natureza...e sobretudo para conseguir amar assim...AMO-ME também e muito a MIM,e sem duvida que o que me ajuda a ser esta mulher apaixonada é que também sou de certeza muito BEM AMADA,a conversa com a Isabel ia longa,estendeu-se por toda a noite sem dormir(mais uma) .
__Bebemos mais uma caneca de chá e demos continuidade ao nosso desabafo dizendo quase em uníssono...a sujidade não está em quem escreve e sim em quem lê e interpreta a seu belo prazer o pior é que o faz com maldade mas…onde é que entra a rapariga do aparelho nos dentes?
__Conseguiu sabe-se lá como namorar com o rapaz mais giro da escola  de quem todas gostavam era um verdadeiro mistério aquele Artur  todo o seu  encanto residia nesse mistério’’andante’’,tinha uns lindos olhos que mais pareciam uma piscina olímpica onde qualquer uma do grupo gostaria de se ter afogado foi aquela que o levou ao altar mais tarde e assim morreram as  expectativas  da Isabel e das outras de caçar o poeta do grupo e afogarem-se nos seus olhos,parece-me que ainda não vos expliquei que era um promissor poeta  com uma escrita muito bela e arrebatadora quase tão misteriosa como ele…
__Hoje apeteceu-me dissertar sobre o meu passado  o da Isabel e do nosso grupo do liceu no tempo dos nossos  15 anos__dizia-mos uma para a outra como seria bom voltar a tê-los e se acontecesse  voltar lá com todos os personagens atrás descritos dizia a Isabel garanto que hoje a rapariga dos olhos grandes e aparelho nos dentes não teria ‘’amarfanhado’’o poeta dos olhos lindos pois ela,a Isabel teria aprendido a nadar primeiro …

(EU)
31-01-2012
17.20h

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