quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A eterna madrugada em ti


...madrugadas de incensos...
de onde me chegam estas madrugadas
que do teu cheiro vêm perfumadas?
madrugadas bem claras
de onde vem esta claridade
que do teu nome me traz em lembranças raras
madrugadas em que despertávamos
e de imediato nos abraçávamos
onde estão estas madrugadas?
quem dorme agora nas tuas madrugadas
nos teus braços,
e te sorri antes de abrir os olhos?
Para quem preparas agora o café
ainda antes que se pusesse de pé?
para quem vais comprar bem cedo
os churros do teu bairro
tão doces que até se chupava o dedo?
com quem falas agora de coisas sérias
e juntas dinheiro para fazer férias?
A quem levas agora junto da Virgem
e diante dela prometes amor eterno?
Estas madrugadas trazem-te até aqui
estas madrugadas sem beijo e sem sorriso
ou será que já não há madrugadas?
O dia pegou-se com a noite e são um só
a noite pegou-se com o dia e...
de tão pegados até dão dó
Dó de pena..dó sem aquela cena
aquela das madrugadas apaixonadas
que renegas ter sentido
aquela cena das madrugadas
que ainda que o renegues
não podes esquecer ter vivido...
será que alguém esquece
aquele amor desmedido?
que continha beijos e abraços
dos pés à cabeça?
que continha abraços e beijos
da cabeça aos pés
será que alguém pode esquecer
uma boa parte...
do que viveu na sua vida?
Adelina Charneca*.

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